A gestação e o nascimento do bebê todos conhecem bem, mas e uma mãe, quando e como ela nasce?
Uma mãe começa a ser gestada muito antes do teste de gravidez. Uma mãe começa a ser gestada quando, ainda pequenina, a menina cuida de suas bonecas e ensaia a maternagem. Quando a menina olha para sua mãe, primeiro com todo o encantamento, tentando imitá-la, e mais a frente com toda a crítica de quem começa a prometer que não fará igual quando tiver os seus filhos.
Uma mãe é gestada muito antes de decidirmos que queremos engravidar ou de nos descobrirmos grávidas.
Mas é diante do teste de gravidez que tudo começa a ficar mais intenso e a tomar forma. Vou ser mãe, e agora? Será que vou dar conta de tantas exigências? Serei uma boa mãe? E se eu não souber cuidar direito? Milhares de dúvidas e questionamentos acompanham a gestação de uma mãe...
Os meses vão passando e, de repente, chega o grande dia... É hora do parto! No caminho para o Hospital passa um filme na cabeça da mulher. Com os hormônios à flor da pele em função da gravidez, a mulher acha que é por isso que está com o choro fácil, se emocionando com tudo. Mal sabe a futura mamãe que isso é sintoma da maternidade e que, uma vez mãe, as emoções tomam outra proporção!
Na entrada para a sala de parto, entra uma mulher e sai outra... Não sabe o obstetra que ele está realizando dois partos. Nasce um bebê... mas quando nasce um bebê, nasce também uma mãe! É imediato, é instantâneo, é estonteante de tão intenso! As dores do parto, ou da cesárea, ou dos pontos, passam quase que despercebidas, tamanha a intensidade do nascimento de um bebê e de uma mãe...
A mulher que entrou no hospital ficava de cama por causa de uma cólica menstrual, precisava três dias para se recuperar de uma noite mal dormida e ficava uns sete dias dolorida depois de um treino de musculação. Eis que nasce uma mãe! Cheia de pontos recém feitos, extremamente cansada, sem dormir, depois de um esforço descomunal de um parto (bem mais intenso do que a academia) ou de ter passado por uma cirurgia (no caso da cesárea), lá está a nova mamãe, saltitando em volta do seu bebê. Mal aguenta as próprias pernas, mas nunca se sentiu tão forte. Cheia de medos, mas nunca se sentiu tão corajosa. Inicia aí o intenso e contraditório mundo da maternidade!
Sabe aquela facilidade em se emocionar? Ela não vai embora com a quarentena. Sabe aquele medo de não estar fazendo direito? Ele também acompanha a mãe por onde ela for daqui para frente. Mas sabe o que mais anda de mãos dadas com a função de materna? A coragem; a certeza de que dá conta, de um jeito ou de outro; a ternura; o desejo de ser melhor a cada dia e a incrível sensação de amar alguém mais do que a nós mesmos.
Sabe a famosa frase "Endurecer, sim, perder a ternura, jamais"? Eis a melhor frase que encontro para descrever a maternidade. Nos tornamos mais duras, mais fortes, mais firmes... mas também, dicotomicamente, mais doces, mais ternas e mais afetivas. O tempo vai passando, o filho vai crescendo e a mãe também, mas uma coisa é certa: sabe aquela mulher que foi para o hospital para ter o seu bebê? Ela ficou por lá, porque a experiência da maternidade transforma por completo a vida de uma mulher, vira do avesso, muda as prioridades e as certezas!
Enfim, para você que já está com a lágrima no cantinho do olho lendo este texto, um Feliz Dia das Mães. Um Feliz Dia das Mães para todas aquelas que endureceram, sim, mas não perderão a ternura jamais!
Fabíola Cortezia
Psicóloga, Especialista em Infância, Adolescência e Família.
Mãe da Alice