DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE ESPERANÇA
Dr.Professor Pe.Rogério Ferraz de Andrade
O Dia Nacional do Perdão, sancionado pelo Presidente da República, a ser celebrado no dia 30 de agosto, a partir deste ano, embora poucos saibam foi proposto pela Deputada Keiko Ota, que teve seu filho de 8 anos sequestrado e assassinado, em 1997.
Numa sociedade cada vez mais individualista que reproduz a violência e responde às ofensas com a lei do “olho por olho e dente por dente”, falar de perdão acende uma pequena luz, resgatando de alguma maneira a esperança no que ainda existe de bom no ser humano.
Não é possível que nos deixemos tomar absolutamente pelo ódio que tudo destrói tirando o espaço para a reconciliação e a paz interior e exterior. Já dizia o grande João Paulo II que quando oferecemos o perdão, recebemos a paz. Foi com esse espírito que o papa polonês perdoou o terrorista que tentou assassiná-lo na praça de São Pedro.
Quem sabe perdoar descobre-se portador de uma paz inabalável e contagiante, capaz de transformar até mesmo os agressores mostrando-lhes uma outra dimensão do viver, que talvez jamais tenham experimentado.
Perdoar, nas palavras de Tolentino Mendonça, é “um gesto unilateral que recusa dar voz à vingança e crê que por detrás daquele que feriu há ainda um ser humano vulnerável, mas capaz de mudar.
Perdoar é crer na possibilidade de transformação, a começar pela minha.”
Bom seria se não precisássemos de uma lei para lembrar-nos que a vida desenrola-se nesse eterno ciclo de perdão. Um dia perdoamos, no outro nós é que precisamos dele. E como precisamos. Nós bem o sabemos. Ele é tão fundamental que sem ele a sociedade já teria se autodestruído. Nele está contido a tolerância, a compreensão e a capacidade de colocar-se no lugar do outro.
Que este dia suscite em nós a força interior para perdoar as ofensas, mas também a humildade de pedir perdão aos que ofendemos. Que a mágoa não tenha espaço e que a gente aprenda a viver melhor aspirando o suave perfume da fraternidade universal, imperfeita, mas necessária e que seja para cada pessoa que passa por este mundo augúrio da esperança que ainda nos motiva a acreditar na frágil humanidade, da qual participamos.